Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


quarta-feira, 10 de abril de 2013

Show 'O passo do colapso' confirma em cena que Dado anda para frente

Resenha de show
Título: O passo do colapso
Artista: Dado Villa-Lobos (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Theatro Net Rio (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 8 de abril de 2013
Cotação: * * 1/2

Foi sintomático que os aplausos mais fortes recebidos por Dado Villa-Lobos na estreia nacional do show O passo do colapso tenham sido motivados por sua interpretação de Índios (Renato Russo, 1986), sucesso da Legião Urbana, a banda brasiliense que projetou este guitarrista e compositor belga-brasileiro que tem se aventurado cada vez mais como cantor no exercício de sua carreira solo. Dado cantou bem Índios, no fim do bis do show apresentado no Theatro Net Rio na noite de 8 de abril de 2013, mas - justiça seja feita - o artista não se escorou em cena no legado do grupo que integrou com Renato Russo (1960 - 1996) e Marcelo Bonfá. O roteiro incluiu músicas do cancioneiro da Legião - como a obscura Depois do começo (Renato Russo, 1987), reapresentada no (com)passo veloz do ska, e como Giz (Renato Russo, Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos, 1993) - sem jamais tirar o foco principal do repertório inédito lançado por Dado no seu segundo álbum solo, O passo do colapso, que ganha edição física em CD neste mês de abril de 2013 cinco meses após ter sido lançado em formato digital. O passo do colapso é disco climático produzido por Dado com Kassin. De início frio, o show - aberto com o rock Colapso (Dado Villa-Lobos, China e Jr. Black) - engrenou aos poucos e mostrou que Dado caminha bem em cena entre rocks e climas. Contudo, o roteiro ainda pode ser aprimorado. A junção de várias músicas inéditas no bloco inicial - Brilho de gente que faz brilhar (Beto Callado, 2012), Lucidez (Nenung e Dado Villa-Lobos, 2012) e Sobriedade (Nenung e Dado Villa-Lobos, 2012) - contribuiu para a frieza inicial. Até porque não são as melhores músicas do disco. O primeiro grande momento veio com Beleza americana (Fausto Fawcett e Carlos Laufer, 2012), música que derramou poesia urbana em cena, reproduzindo em cena o clima do CD. Outro destaque foi a canção Quando a casa cai (Nenung, 2012), cantada por Dado com a presença graciosa de Mallu Magalhães, repetindo o dueto gravado para o álbum. Na sequência imediata da intervenção rápida de Mallu, Dado convocou ao palco Fausto Fawcett, cuja participação em Overdose coração - parceria de Fawcett com Laufer, baixista da boa banda que incluía também Günter Fetter (teclados, programações, guitarra) e Lourenço Monteiro (bateria) - injetou pulsação em show que caminhava em passos lineares com a sucessão das músicas e das projeções de Clara Cavour. O cover de 3,6,9 - música recente de Cat Power, lançada pela cantora e compositora norte-americana em seu último álbum, Sun (2012) - reanimou o espírito roqueiro de Dado, artista formado entre os estilhaços da explosão punk que ecoou em Brasília (DF) na virada dos anos 70 para os 80. Por não ser em essência um cantor, Dado não conseguiu reverberar em cena toda a sensibilidade latente na letra de Filho, versão em português que fez de Son (Scott Weilland e Victor Indrizzi). Ainda assim, o show O passo do colapso sinaliza que Dado Villa-Lobos está andando para frente em cena, mesmo que eventualmente olhe para trás - com todo o direito, aliás - para reviver o legado que construiu como integrante da Legião Urbana, banda lendária que deixou órfãos no universo pop nacional.

3 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Foi sintomático que os aplausos mais fortes recebidos por Dado Villa-Lobos na estreia nacional do show O passo do colapso tenham sido motivados por sua interpretação de Índios (Renato Russo, 1986), sucesso da Legião Urbana, a banda brasiliense que projetou este guitarrista e compositor belga-brasileiro que tem se aventurado cada vez mais como cantor no exercício de sua carreira solo. Dado cantou bem Índios, no fim do bis do show apresentado no Theatro Net Rio na noite de 8 de abril de 2013, mas - justiça seja feita - o artista não se escorou em cena no legado do grupo que integrou com Renato Russo (1960 - 1996) e Marcelo Bonfá. O roteiro incluiu músicas do cancioneiro da Legião - como a obscura Depois do começo (Renato Russo, 1987), reapresentada no (com)passo veloz do ska, e como Giz (Renato Russo, Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos, 1993) - sem jamais tirar o foco principal do repertório inédito lançado por Dado no seu segundo álbum solo, O passo do colapso, que ganha edição física em CD neste mês de abril de 2013 cinco meses após ter sido lançado em formato digital. O passo do colapso é disco climático produzido por Dado com Kassin. De início frio, o show - aberto com o rock Colapso (Dado Villa-Lobos, China e Jr. Black) - engrenou aos poucos e mostrou que Dado caminha bem em cena entre rocks e climas. Contudo, o roteiro ainda pode ser aprimorado. A junção de várias músicas inéditas no bloco inicial - Brilho de gente que faz brilhar (Beto Callado, 2012), Lucidez (Nenung e Dado Villa-Lobos, 2012) e Sobriedade (Nenung e Dado Villa-Lobos, 2012) - contribuiu para a frieza inicial. Até porque não são as melhores músicas do disco. O primeiro grande momento veio com Beleza americana (Fausto Fawcett e Carlos Laufer, 2012), música que derramou poesia urbana em cena, reproduzindo em cena o clima do CD. Outro destaque foi a canção Quando a casa cai (Nenung, 2012), cantada por Dado com a presença graciosa de Mallu Magalhães, repetindo o dueto gravado para o álbum. Na sequência imediata da intervenção rápida de Mallu, Dado convocou ao palco Fausto Fawcett, cuja participação em Overdose coração - parceria de Fawcett com Laufer, baixista da boa banda que incluía também Günter Fetter (teclados, programações, guitarra) e Lourenço Monteiro (bateria) - injetou pulsação em show que caminhava em passos lineares com a sucessão das músicas e das projeções de Clara Cavour. O cover de 3,6,9 - música recente de Cat Power, lançada pela cantora e compositora norte-americana em seu último álbum, Sun (2012) - reanimou o espírito roqueiro de Dado, artista formado entre os estilhaços da explosão punk que ecoou em Brasília (DF) na virada dos anos 70 para os 80. Por não ser em essência um cantor, Dado não conseguiu reverberar em cena toda a sensibilidade latente na letra de Filho, versão em português que fez de Son (Scott Weilland e Victor Indrizzi). Ainda assim, o show O passo do colapso sinaliza que Dado Villa-Lobos está andando para frente em cena, mesmo que eventualmente olhe para trás - com todo o direito, aliás - para reviver o legado que construiu como integrante da Legião Urbana, banda lendária que deixou órfãos no universo pop nacional.

O Neto do Herculano disse...

As canções do Fawcett são ótimas, seu texto é preciso nas referências, o que não me deixa nem com um pouco de saudade da Legião. Vamos para frente.

Daทilo disse...

E o disco é ótimo assim como o Jardim de Cactus.É barulhento, melódico e com letras inteligentes.