Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


domingo, 7 de abril de 2013

Grohl capta no filme 'Sound City' a alma que animava estúdio e músicos

Resenha de DVD
Título: Sound City
Artista: Dave Grohl
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * * *

O documentário em que o estreante cineasta Dave Grohl conta a história do estúdio Sound City é primoroso por captar toda a alma que pode animar o equipamento de um estúdio de gravação, os músicos e técnicos que utilizam tal equipamento e a música ali capturada para a posteridade. No caso do filme Sound City, recém-lançado em DVD no Brasil pela Sony Music, o foco principal incide sobre uma mesa de gravação - intitulada Neve 8028 - que foi a própria alma do estúdio aberto em Los Angeles (Califórnia, EUA) em 1969 e fechado em 2011 por conta das dificuldade financeiras de manutenção de um estúdio de gravação numa era digital em que discos podem ser gravados em casa, com um computador. É a partir dessa mesa de gravação que Grohl reconstitui com certo (necessário) didatismo os passos mais fundamentais da trajetória desse estúdio de gravação analógica que viveu um período glorioso nos anos 70 - década em que ali foram formatados clássicos álbuns de rock como Rumours (1977), do grupo Fleetwood Mac - e que amargou dias menos felizes na era eletrônica da década de 80 até ressurgir das quase cinzas quando o Nirvana, o grupo que projetou Grohl, lapidou ali a pedra fundamental do grunge, seu segundo álbum Nevermind (1991). Na parte inicial do filme, entrevistas com músicos que gravaram seus discos no Sound City, com técnicos de gravação - como Rupert Neve, mentor da mesa em torno da qual roda o filme de Grohl - e com Tom Skeeter (proprietário do estúdio de 1969 a 1992) são a matéria-prima do roteiro. Na segunda metade, a narrativa  foca a gravação da trilha sonora do filme Sound City - lançada no CD Real to reel, editado pela Sony Music no Brasil simultaneamente com o DVD do documentário - na mesma lendária mesa, comprada por Grohl para seu estúdio particular, o 606. E é aí que Grohl e seus convidados - um time estelar que inclui até Paul McCartney - mostram que fazer música é um ato de criação movido pelo espírito humano. A tecnologia - no caso, a tal mesa Neve 8028 - é posta a serviço da alma humana. Sem adotar discurso panfletário contra o avanço das modernas técnicas digitais de gravação de discos, Dave Grohl mostra com seu cativante filme que, em essência, a criação e a gravação de música são atos resultantes de um estado de espírito, da paixão interior que move um compositor e/ou músico. E aí não importa se ele está em Sound City, no mais moderno estúdio de gravação ou até no seu estúdio caseiro.

Um comentário:

Mauro Ferreira disse...

O documentário em que o estreante cineasta Dave Grohl conta a história do estúdio Sound City é primoroso por captar a alma que pode animar o equipamento de um estúdio de gravação, os músicos que utilizam tal equipamento e a música ali capturada para a posteridade. No caso do filme Sound City, recém-lançado em DVD no Brasil pela Sony Music, o foco principal incide sobre uma mesa de gravação - intitulada Neve 8028 - que foi a própria alma do estúdio aberto em Los Angeles (Califórnia, EUA) em 1969 e fechado em 2011 por conta das dificuldade financeiras de manutenção de um estúdio de gravação numa era digital em que discos podem ser gravados em casa, com um computador. É a partir dessa mesa de gravação que Grohl reconstitui com certo (necessário) didatismo os passos mais fundamentais da trajetória desse estúdio de gravação analógica que viveu um período glorioso nos anos 70 - década em que ali foram formatados clássicos álbuns de rock como Rumours (1977), do grupo Fleetwood Mac - e que amargou dias menos felizes na era eletrônica da década de 80 até ressurgir das quase cinzas quando o Nirvana, o grupo que projetou Grohl, lapidou ali a pedra fundamental do grunge, seu segundo álbum Nevermind (1991). Na parte inicial do filme, entrevistas com músicos que gravaram seus discos no Sound City, com técnicos de gravação - como Rupert Neve, mentor da mesa em torno da qual roda o filme de Grohl - e com Tom Skeeter (proprietário do estúdio de 1969 a 1992) são a matéria-prima do roteiro. Na segunda metade, a narrativa foca a gravação da trilha sonora do filme Sound City - lançada no CD Real to reel, editado pela Sony Music no Brasil simultaneamente com o DVD do documentário - na mesma lendária mesa, comprada por Grohl para seu estúdio particular, o 606. E é aí que Grohl e seus convidados - um time estelar que inclui até Paul McCartney - mostram que fazer música é um ato de criação movido pelo espírito humano. A tecnologia - no caso, a tal mesa Neve 8028 - é posta a serviço da alma humana. Sem adotar discurso panfletário contra o avanço das modernas técnicas digitais de gravação de discos, Dave Grohl mostra com seu cativante filme que, em essência, a criação e a gravação de música são atos resultantes de um estado de espírito, da paixão interior que move um compositor e/ou músico. E aí não importa se ele está em Sound City, no mais moderno estúdio de gravação ou até no seu estúdio caseiro.