Mauro Ferreira no G1

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sábado, 20 de novembro de 2010

Sem se afastar do porto, 'Guia' leva fado de Zambujo para África e Brasil

Resenha de CD
Título: Guia
Artista: António Zambujo
Gravadora: MP,B / Universal Music
Cotação: * * * 1/2

E não é que a valsa seresteira A Deusa da Minha Rua (Jorge Faraj e Newton Teixeira, 1939) se ambientou com perfeição no clima do fado, gênero já habitualmente carregado de melancolia? A transposição é feita pelo cantor e compositor português António Zambujo em seu quarto CD, Guia, lançado em abril de 2010 na terra lusitana e ora editado no Brasil por conta da vinda do artista ao Brasil para shows agendados neste mês de novembro. Natural do Alentejo, Zambujo tem levado o fado por outros caminhos sem negar a tradição do gênero. Mesmo sem reeditar toda a beleza e sentimento do álbum anterior de Zambujo, Outro Sentido (2007), Guia seduz ao situar o fado em trilhas eventualmente brasileiras e africanas. Entre os silêncios e acordes minimalistas que realçam o sentido dos versos de A Tua Frieza Gela (parceria de Zambujo com Maria do Rosário Pedreira) e o humor esboçado em Readers Digest (Miguel Araújo Jorge), o artista celebra sua terra natal na breve Toada Alentejana I, de sua autoria, e aborda Apelo (Vinicius de Moraes e Baden Powell) com a melodia do Fado Perseguição (Carlos da Maia e Avelino de Souza) em junção que soa mais curiosa do que sedutora. Sempre partindo da trilha original portuguesa, evocada inclusive pela guitarra portuguesa ouvida em sete de suas 14 faixas, Guia leva Zambujo por caminhos que remetem a sons de Cabo Verde - há muito das mornas em Não me Dou Longe de ti (João Monge com Alfredo dos Santos) e, sobretudo, em Barroco Tropical (José Eduardo Agualusa e Ricardo Cruz) - e do recorrente Brasil. Zorro (João Monge e João Gil), por exemplo, entra na onda suave da Bossa Nova. Fado da Vida Bela é da lavra de Pedro Luís com Ricardo Cruz. Por fim, alocadas antes do Poema dos Olhos da Amada (Vinicius de Moraes e Paulo Soledade), Quase um Fado e De Mares e Marias - duas músicas do  segundo álbum de Rodrigo Maranhão, Passageiro (2010) - reiteram a habilidade de António de cruzar os mares que ligam Brasil e Portugal sem se afastar do seu porto (seguro).

4 comentários:

Mauro Ferreira disse...

E não é que a valsa seresteira A Deusa da Minha Rua (Jorge Faraj e Newton Teixeira, 1939) se ambientou com perfeição no clima do fado, gênero já habitualmente carregado de melancolia? A transposição é feita pelo cantor e compositor português António Zambujo em seu quarto CD, Guia, lançado em abril de 2010 em terras lusitanas e ora editado no Brasil por conta da vida do artista ao Brasil para shows agendados neste mês de novembro. Natural do Alentejo, Zambujo tem levado o fado por outros caminhos sem negar a tradição do gênero. Mesmo sem reeditar toda a beleza e sentimento do álbum anterior de Zambujo, Outro Sentido (2007), Guia seduz ao situar o fado em trilhas eventualmente brasileiras e africanas. Entre os silêncios e acordes minimalistas que realçam o sentido dos versos de A Tua Frieza Gela (parceria de Zambujo com Maria do Rosário Pedreira) e o humor esboçado em Readers Digest (Miguel Araújo Jorge), o artista celebra sua terra natal na breve Toada Alentejana I, de sua autoria, e aborda Apelo (Vinicius de Moraes e Baden Powell) com a melodia do Fado Perseguição (Carlos da Maia e Avelino de Souza) em junção que soa mais curiosa do que sedutora. Sempre partindo da trilha original portuguesa, evocada inclusive pela guitarra portuguesa ouvida em sete de suas 14 faixas, Guia leva Zambujo por caminhos que remetem a sons de Cabo Verde - há muito das mornas em Não me Dou Longe de ti (João Monge com Alfredo dos Santos) e, sobretudo, em Barroco Tropical (José Eduardo Agualusa e Ricardo Cruz) - e do recorrente Brasil. Zorro (João Monge e João Gil), por exemplo, entra na onda suave da Bossa Nova. Fado da Vida Bela é da lavra de Pedro Luís com Ricardo Cruz. Por fim, alocadas antes do Poema dos Olhos da Amada (Vinicius de Moraes e Paulo Soledade), Quase um Fado e De Mares e Marias - duas músicas do segundo álbum de Rodrigo Maranhão, Passatempo (2010) - reiteram a habilidade de António de cruzar os mares que ligam Brasil e Portugal sem se afastar do seu porto (seguro).

Eu disse...

Olá Mauro, desculpe te corrigir, mas há dois erros no texto, o primeiro que é bobo, é que na quarta linha há "... por conta da vida do artista ao Brasil", acho que querias dizer "... vinda ao Brasil". O segundo erro é que o disco do Rodrigo Maranhão chama-se "Passageiro", não Passatempo. Abraço

Mauro Ferreira disse...

Diário, não tem que pedir desculpas. Eu é que agradeço pelas correções. Abs, MauroF

Eulalia Moreno disse...

Ola Mauro, mais uma vez e sempre, obrigada pela atenção que voce dá aos intérpretes d´além-mar. Zambujo , sem dúvida, está entre os que merecem ser
destacadas no seu Blog que é uma referência para os que acompanham a produção fonográfica nacional e internacional.
Abraço, feliz domingo
Eulalia